O apressado comeu cru
Foi por pressão do governador João Doria, revelou Lauro Jardim em sua coluna no jornal O Globo, que o Butantan se precipitou e anunciou que a Coronavac havia apresentado eficácia de 78%.
Era meia verdade: esse índice foi obtido apenas nos testes clínicos de casos leves.
Quando a verdade inteira veio à tona, nesta terça-feira (12), cobrada pelos cientistas que estranharam a ausência de diversas informações na primeira divulgação dos estudos, descobriu-se, enfim, que a polêmica vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, desenvolvida no Brasil em parceria com o instituto paulista, tem eficácia geral de 50,38%.
Esse é o dado que precisa ser levado em conta ao se projetar seus efeitos na população como um todo.
Significa que, estatisticamente, de cada 100 pessoas que vierem a tomá-la, metade tem chances reais de produzir anticorpos contra a Covid-19. O resultado está exatamente no limite da taxa mínima de 50% recomendada pela Organização Mundial da Saúde e pela Anvisa.
Não chega a ser uma Brastemp, mas é uma boa vacina.
O grande problema é que Doria quis turbinar o imunizante que arrumou para chamar de seu com um número mais bonito, e o tiro saiu pela culatra.
Em sua ânsia doentia de tirar dividendos políticos e eleitorais do combate à pandemia, acabou colocando em evidência os aspectos menos favoráveis e desvalorizando as virtudes da Coronavac.
Esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono.
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1 comentário
Marcelo · 14/01/2021 às 08:27
Vamos esquecer um pouco Doria e Bolsonaro. O fato é que a melhor vacina até o momento foi oferecida ao Ministério da Saúde, a da Pfizer, e foi recusada. Isso é fato. Sobrou a chinesa do Butantã, e a inglesa da Fiocruz que vem da Índia o primeiro lote (tão meia boca quanto). Caio, se sempre se soube que dependia de vacina pra acabar a pandemia, como chegou nesse ponto?