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Safra congelada

Publicado por Caio Gottlieb em

Enquanto no Brasil os agricultores enfrentam a inclemência de uma seca prolongada nas lavouras de soja e milho, na França os vinicultores sofrem com os rigores mais extremos do frio.

Considerando-se a importância econômica, turística e cultural do setor para o país, pode-se imaginar o tamanho do sentimento de tristeza que paira por lá motivado pelo desastre que se abateu no início de abril sobre suas principais regiões vinícolas.

Inesperadas para essa época do ano, geadas agressivas, com temperaturas de quase cinco graus negativos, castigaram ao longo de três noites consecutivas as plantações de vários de seus mais míticos vinhedos, com danos especialmente severos nos terroirs de Bordeaux, de onde saem alguns dos melhores tintos do mundo, e da Borgonha, referência internacional na produção de brancos feitos com a casta Chardonnay.

Embora muita gente esteja atribuindo o fenômeno às mudanças climáticas que vêm assolando diversas partes do planeta, a verdade é que eventos semelhantes já aconteceram em 1981 e 2017, mas não com tanta virulência.

Como comparação, o estrago atual só perde para a destruição ocorrida em meados do século XIX, quando a praga filoxera dizimou imensas áreas viníferas e provocou a migração de muitos produtores para a América do Sul, o que impulsionou a expansão da vitivinicultura no continente.

Ainda não se fechou a conta, mas os prejuízos estão na casa dos 2 bilhões de euros e já se estima uma perda de mais de 80% na produção de uvas, reduzindo, portanto, drasticamente, a oferta dos vinhos que seriam comercializados a partir de dois anos depois de setembro, o mês da colheita.

Consequentemente, pelos cálculos do mercado, os entusiastas dos rótulos franceses poderão ter que pagar preços até 50% mais caros para levarem suas garrafas preferidas para casa.

Ainda assim sempre será um dos prazeres mais baratos, inspiradores, gratificantes e saudáveis ao alcance da civilização

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